Sucesso
Hidroponia une dois amigos e se transforma em negócio
Produtores são pioneiros no cultivo de folhosas como o agrião e a rúcula no sistema hidropônico no município
Foto: Jô Folha - DP - Samuel Moura e David Islabão se revezam nas tarefas do dia a dia nas estufas
O sistema de cultivo hidropônico não é novo. Acredita-se que a técnica data dos tempos da Mesopotâmia e o termo hidroponia tenha surgido nos anos 40. Antiga ou não, a principal característica da técnica é a não utilização de solo para o cultivo, principalmente de hortifrutigranjeiros. Entre os principais entraves para a maior difusão da técnica é o elevado custo de implantação do sistema com estufas, bandejas, irrigação, entre outros materiais.
No entanto, os produtores Samuel Moura e David Islabão viram mais vantagens do que desvantagens no sistema e, há cinco anos, surgia o Hortifruti Dois Amigos, com sistema 100% hidropônico, em propriedade da família de Moura, localizada no Monte Bonito, 9º distrito de Pelotas. "Nós até realizamos testes com o plantio no solo, mas além da parte de limpeza, tem a questão ergonômica e o trabalho mais confortável em dias de chuva", diz Islabão. A largada foi com a cultura do agrião, contam.
Um dos primeiros contatos dos dois amigos com a agricultura foi através da Cooperativa dos Produtores Agrícolas de Monte Bonito (Coopamb), onde trabalharam por um período. Além disso se valem da troca de experiências com outros produtores da localidade. As informações sobre o sistema são obtidas através de cursos on-line e também com o fornecedor dos equipamentos e tecnologias ao sistema. Toda a matéria-prima vem de fora do município. "Precisamos correr atrás da matéria-prima, pois nossos resultados dependem do nosso ciclo de produção", ressaltam.
Além disso, procuram estar em constante atualização e em busca de novas referências sobre a técnica. "Corremos muito atrás de informações", ressaltam. Mas valeu a pena, asseguram, pois além de uma fonte de renda, trabalham perto de casa e oferecem produto de qualidade aos consumidores.
Atualmente com seis estufas, duas delas de agrião, construíram recentemente a quarta de rúcula que juntas somam 20 mil plantas. Tudo com recursos próprios. O começo foi com uma de agrião e traçaram a meta de construir uma por ano, o que vem se cumprindo. "O início foi bem sofrido, começamos do zero, no primeiro ano precisamos trabalhar meio período fora e só depois disso começamos a tirar alguma renda", ressaltam. Hoje, os dois se revezam entre os trabalhos nas estufas.
Futuramente pretendem testar outras folhosas. Segundo eles, cada estufa leva em média de dez a 11 meses de produção para pagar o investimento bruto, que gira em torno de R$ 40 mil.
A colheita é feita à tardinha e à noite, quando as esposas, que também trabalham fora, conseguem ajudar na tarefa. A produção mensal é de oito mil a 8,5 mil molhes. Eles explicam que o número de plantas não equivalem ao número de molhes vendidos. "Precisamos de duas a 2,5 plantas para fazer um molhe", explica.
Após a colheita e higienização, as plantas são embaladas em saquinhos personalizados para a entrega. Eles destacam a diferença do tempo de colheita entre o período de frio e o de calor. "No inverno, as plantas levam 52 dias para ficarem prontas e no verão de 28 a 30 dias", ressaltam. Para que possam atender os seus compradores, o segredo é semear em datas diferentes por estufa.
O produto com a marca Dois Amigos pode ser encontrado na rede Guanabara e Macroatacado Treichel. O excedente de produção vai para a Ceasa que se encarrega de distribuir para toda a Zona Sul. "Temos muito orgulho da nossa produção, pois é bem difícil conseguir manter a demanda exigida", ressaltam. Para conhecer um pouco mais sobre o trabalho dos produtores é só acessar @hortifruti2amigoshidroponia no Instagram.
Acompanhamento técnico
O extensionista da Emater, André Perleberg, destaca o pioneirismo da dupla no que se refere ao cultivo hidropônico de folhosas, como a rúcula e o agrião. “Temos um outro produtor mas de alface, na localidade da Cascata”, ressalta. “Eles tiveram esta iniciativa e deu tudo certo, estão ampliando e crescendo”, ressalta.
Diferente de outros cultivos, o trabalho da Emater não se ateve à assistência técnica produtiva, explica o extensionista. “Auxiliamos eles com orientações na questão da rastreabilidade, QRCode, caderno de campo e outros”, explica. Além disso, orientou quanto ao acesso às políticas públicas, acesso ao Pronaf Mais Alimentos, confecção da Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), hoje Cadastro do Agricultor Familiar (CAF).
“Ainda não tiveram necessidade, mas se pensou em um projeto através do Pronaf para a construção de mais estufas, mas acabaram optando por utilizar recursos próprios, mas se futuramente precisarem, estão aptos a acessar os recursos”, ressalta.
Também receberam auxílio na confecção do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e continuam sendo acompanhados através de visitas técnicas periódicas, ao menos uma vez por mês e troca de experiências.”Eles foram muito corajosos, porque correram atrás das informações e conseguiram colocá-las em prática”, diz.
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